sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O Zen e o Aikido













Tive uma experiência interessante na minha volta aos treinos de Aikido, por estes dias. Embora meio fora de prática, tive um prazer imenso em treinar como nunca tive em todo o tempo treinado. Lembro-me de antes, que quando estava no tatame, muitas das vezes estava com a mente distante; e ao contrário, quando estava distante, estava com pensamento no tatame, de modo que não vivenciava realmente a maravilhosa experiência do treino. Após os últimos 11 (onze) meses de estudo do Zen, da tradição do Thay, praticando a meditação, compreedi melhor o que o fundador do Aikido - O sensei Morihei Ueshiba pretendia com união mente corpo espírito. Após iniciado o meus estudos de meditação, foi uma experiência formidável treinar Aikido, envolto em Plena Consciência. Já em casa, afastado dos treinos, busquei fazer os movimentos da arte marcial, atento a respiração, e já havia obtido uma excelente experiência. A verdade é que descobri o Zen no Aikido. Já tinha ouvido falar que o Aikido era o Zen em movimento, mas não tinha ainda vivenciado a experiência. Até o famoso Ki pude perceber real. O que para mim antes não passava de metafísica, passei a senti-lo no treino, embora não tenha ainda domínio sobre ele. Atento aos movimentos e a respiração, repetindo mentalmente "momento presente, momento maravilhoso", torno-me mais atento as sensações do corpo e mente, não deixando me perder em pensamentos, e tornando mais presente ao treino e concentrado aos movimentos. Observo o relaxamento do corpo, cuidando-me para não permitir tensioná-lo, buscando a leveza natural do ser, indispensável à meditação e ao Aikido. O objetivo a seguir no treino passa a ser a atenção à forma correta. A perfeição marcial é a preocupação instrumental imediata, sendo a harmonização espirito/corpo/mente o objetivo final. E nesse momento o Aikido e o Zen se confundem.

terça-feira, 8 de julho de 2008

RELEMBRANDO OUTRO POEMA




VOCÊ NO PENSAMENTO

Ai morena, quero saber se você sonha comigo também,
Ai morena, será que queres tanto bem a mim quanto te quero bem.

Canto com encanto, num doce acalanto de um passarinho
Um bem-te-vi se declarando num lindo cantar
Que canta a tarde num triste lamento por estar sozinho
Sonhando com o dia de estarmos juntinhos
Como dois pombinhos a se namorar

Ai morena, quero saber se você sonha comigo também,
Ai morena, será que queres tanto bem a mim quanto te quero bem.

Se chega a noite, chega como um açoite no meu pensamento
A sua imagem linda como um templo a me castigar
Já se é dia resolver mais nada nem tentar eu tento
Já tentei foi em vão, pois não me concentro
E na sua imagem deixo me levar

Ai morena, quero saber se você sonha comigo também,
Ai morena, será que queres tanto bem a mim quanto te quero bem.

Quero saber se vives a sofrer por mim a todo momento
Se está sofrendo por pensar em mim sem poder me tocar
Se mesmo assim gosta de sofrer por esse sofrimento
Estou apaixonado e disso não lamento
O remédio é o dia em que eu te encontrar

Ai morena, quero saber se você sonha comigo também,
Ai morena, será que queres tanto bem a mim quanto te quero bem.

É meu desejo provar do seu beijo e o mel da sua boca
Vontade louca de ter dar carinho e de te apertar
Roubar seu cheiro de tanto exagero vou ter a voz rouca
Se estando contigo toda hora é pouca
Para os meus segredos eu te revelar.

Natal, Dezembro de 1999 a março de 2000.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

VERDADEIRO CONTATO COM A VIDA

Belo texto* que explana a necessidade de se viver o presente de modo efetivo, respeitando cada segundo, sentindo-se vivo, sem preocupar-se com o passado ou com o devir. Trata-se de uma pequena transcrição do lindo romance escrito por Thich Nhat Hanh, Velhos Caminhos, Nuvens Brancas.


Segue o texto.



“Amigos, estar perdido em pensamento é uma das coisas que nos impede de estabelecer verdadeiro contato com a vida. Enquanto regidos por preocupações, frustrações, ansiedades, raiva, ou inveja, vocês perderão a chance de estabelecerem contato real com todas as maravilhas da vida.

“Amigos, a flor de lótus em minha mão só é real para aqueles dentre vocês que vivem em mente atenta no momento presente. Se vocês não retornam ao momento presente, a flor não existe verdadeiramente. Há pessoas que podem passar através da floresta de sândalos sem realmente enxergar sequer uma única árvore. A vida é repleta de sofrimento, todavia também contém muitas maravilhas. Estejam conscientes a fim de ver tanto o sofrimento quanto as maravilhas da vida.

“Estar em contato com o sofrimento não significa perder-se dentro dele. Estar em contato com as maravilhas da vida não significa perder-se nelas igualmente. Estar em contato é verdadeiramente encontrar a vida, vê-la profundamente. Se nos encontrarmos com a vida diretamente, compreenderemos sua natureza interdependente e impermanente. Graças a isso, não mais nos perderemos em desejo, raiva e ânsia. Viveremos em liberdade e liberação.”

*Trecho do Romance Velho Caminho, Nuvens Brancas, Seguindo as Pegadas do Buda, Ed. Bodigaya, escrito por Thich Nhat Hanh (pg. 269).

terça-feira, 17 de junho de 2008

RESPIRAÇÃO CONSCIENTE

Aqui recebemos uma lição de como manternos com mente atenta, por meio da utilização do método da respiração consciente. Logo abaixo, segue um vídeo que traz uma bela música chamada Inspirando, Expirando.
“Inspirando, você está consciente de que está inspirando. Expirando você está consciente de que está expirando. Durante estes momentos de prática de respiração, foque sua mente apenas na sua respiração e nada mais além disso. Os pensamentos inúteis e dispersos cessarão, permitindo que sua mente repouse na mente atenta. Quando estiver plenamente consciente da sua respiração, você passa a viver em mente atenta. Vivendo em mente atenta, você não pode mais ser carregado por quaisquer pensamentos. Com uma única respiração, você pode atingir o despertar. Tal despertar é a Natureza de Buda que existe em todos os seres.
Respirando de modo curto, você sabe que está respirando de modo curto. Respirando longamente, você sabe que está respirando longamente. Esteja totalmente consciente de cada respiração. Observar com mente atenta sua respiração ajudará você a desenvolver a concentração. Com a concentração, você será capaz de olhar profundamente para dentro da natureza do seu corpo, dos seus sentimentos, da mente e dos objetos da mente, os quais são chamados de sarvadharma”

*Trecho do Romance Velho Caminho, Nuvens Brancas, Seguindo as Pegadas do Buda, Ed. Bodigaya, escrito por Thich Nhat Hanh (fls. 256/257), onde ele ensinava o seu filho Rahula o método de observar a respiração.

sábado, 14 de junho de 2008

KALAMA SUTRA

"Tenhais confiança não no mestre, mas no ensinamento.

Tenhais confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras.

Tenhais confiança não na teoria, mas na experiência.

Não creiais em algo simplesmente porque vós ouvistes.

Não creiais nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de geração para geração.

Não creiais em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos.

Não creiais em algo simplesmente porque está escrito em livros sagrados; não creiais no que imaginais, pensando que um Deus vos inspirou.

Não creiais em algo meramente baseado na autoridade de seus mestres e anciãos."

Mas após contemplação e reflexão, quando vós percebeis que algo é conforme ao que é razoável e leva ao que é bom e benéfico tanto para vós quanto para os outros, então o aceiteis e façais disto a base de sua vida. - Gautama Buddha - Kalama Sutra

sábado, 3 de maio de 2008

Sobre um já dito...mais um ponto.

Obviamente sabemos ser clara a diferença entre inteligência e sabedoria. A inteligência se dá pela boa utilização da capacidade de raciocínio – a capacidade mental. A sabedoria advém da “voz” interna, que é comum a todos, e ao que parece, quando não contaminada pela influência da mente, é única em todos. Aliás daí a necessidade da meditação. Meditar para escutar a voz interior, a verdadeira natureza, comum a todos.

Bom falo disso para justificar a leitura que hoje disponibilizo. Outrora transcrevi escritos meus que tinham, ainda que distante, alguma semelhança com outro escrito que posteriormente vim conhecer. As intersecções entre os escritos não se dão pela inteligência ou conhecimento teórico, mas por encontro de centelha de sabedoria. Digo centelha, porque não sou, como maioria de nós não o é, ao menos normalmente, detentor perene de sabedoria. Mas quando nos dizemos inspirados, na verdade, é porque provamos um pouco da fonte da interna da sabedoria, que é o nosso silêncio interior.

Em 27 de março do corrente ano, neste Blog postei um texto ao qual dei como título “Jesus era Cristão?”, quando eu questionava o desvirtuamento que as religiões dão aos ensinamentos originais dos seus criadores. Interessante que recebi um comentário de uma passagem do Livro de Gibran Khalil Gibran, o que já demonstrou uma sintonia de sentimentos.

Posto agora um texto do Dalai Lama, que é o representante da tradição do Budismo Tibetano (ressalte-se que a tradição que eu me afeiçouo é a do Monge Zen Budista Vietnamita Thich Nhat Hanh, e não a do Tibet), que em melhores palavras, explanou todo o sentimento que eu pretendia explorar, mas que não tive, obviamente, semelhante habilidade, posto que aqui encontramos a sabedoria aliada à inteligência intelectual, deste importante líder espiritual. O texto que se segue, pode ser encontrado no endereço http://www.samsara.blog.br/2008/01/amor-e-compaixo.html, onde consta aliás muitas informações interessantes para que é afetos a estas questões exitenciais.

Boa leitura!
Amor e compaixão
Todas as religiões passam uma mensagem de amor, compaixão, sinceridade e honestidade. Cada sistema procura, a sua própria maneira, melhorar a vida para todos nós. Mas se colocarmos muita ênfase em nossa própria filosofia, religião ou teoria -- se tornando muito apegados a ela, tentando impô-la a outras pessoas -- o resultado será um problema.Basicamente, todos os grandes mestres, incluindo Buda Gautama, Jesus Cristo, Maomé e Moisés, foram motivados por um desejo de ajudar seus companheiros. Eles não procuraram ganhar nada para si, nem criar mais problemas no mundo.A religião se tornou um sinônimo de grandes questões filosóficas, mas é o amor e compaixão que repousam em seu núcleo. [...] A experiência da prática do amor traz paz de espírito e ajuda os outros. Pessoas bobas e egoístas estão sempre pensando nelas, e o resultado é sempre negativo. Pessoas espertas pensam nos outros, ajudando-os tanto quanto podem, e o resultado é felicidade.Amor e compaixão são benéficos tanto para você quanto para os outros. Através de sua bondade direcionada aos outros, sua mente e coração vão se abrir para a paz.
Dalai Lama, em "How to Expand Love".

sábado, 26 de abril de 2008

Onde você estava antes de nascer?

Belíssima abordagem acerca da visão do nascimento e morte, feita pelo Ven. Thich Nhat Hanh, Monge Vietnamita Zen Budista, que eu gostaria de Compartilhar com todos. Neste ele fala da impermanência, da inexistência de um eu separado e da interrelação entre todas as coisas. Vale a pena conferir no endereço: http://www.viverconsciente.com/textos/onde_estava_antes_nascer.htm

Grande abraço a todos e boa leitura.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

CAIXA D'ALMA

Em Campina Grande, há uma caixa d’água, de onde, à noite dá pra se ver toda a cidade, representada somente por suas luzes, sem contar o seu pôr-do-sol que faz o local bastante inspirador. Daí onde surgiu a letra de música abaixo.

CAIXA D’ALMA

Porto crepuscular, tu és a porta do meu prazer
Vivo a te procurar
Tu é saber
Serviste para inspirar
Muitos amores da minha vida
Lugar onde o Sol escolheu para morar

Tu vives em um lugar
Que é dos mais belos da Paraíba
No alto da já tão alta
Grande Campina

Oásis de um centro urbano
Teu ar é feito de amor e prazer
Não sabe o que é viver Campina
Quem não te viver

Depois que o alaranjado sol
Já tão cansado quiser repousar
Dá espaço para a alva lua
O seu farol
Lá embaixo as luzes dos postes
Todas se acendem como em procissão
Como que pelos seus mistérios
Cada uma fizesse uma oração

E sua noite mais que qualquer noite
É tão feminina
É a noite lá na caixa d’alma
Caixa dos sonhos
Caixa de prazer
Se é noite e está em Campina
Tens que conhecer
(Ribamar Lopes Campina Grande/PB 24.10.1997)

terça-feira, 22 de abril de 2008

SOCIEDADE ESSÊNCIA DA VIDA

Tinha vontade de participar de um grupo mais substancial quando escrevi essa letra de música. Hoje participo de uma Sangha.

SOCIEDADE ESSÊNCIA DA VIDA

Vou escrever numa agenda os meus sonhos
E listando um a um eu os ponho
Para eu poder realizar

Quero viver de um jeito diferente
Vou me unir a um grupo que tente
A sua vida aproveitar

Quero que entre nós haja cumplicidade
E com eles falar de verdades
Que o mundo precisa escutar

Juntos vamos sugar a essência da vida
E com nossas vontades unidas
Mais amigos vamos conquistar

A sociedade será reunida
Com o nome “Essência da Vida”
Nossos sonhos vamos desfrutar

Ler poesias das mais variadas
Quer elas sejam para as nossas amadas
Ou p’ros sonhos poder partilhar

Pra viver no amor
tem que buscar a real essência da vida
Não há sentido viver sem amar
(Ribamar Lopes. Natal, 08.10.1993)

AMOR DE INFÂNCIA

Foi uma modinha que eu compus em fase romântica pela qual passei.


AMOR DE INFÂCIA

Ainda me lembro da data daquele dia,
Em que eu estava na calçada e por mim você passou.
Por ti meus olhos teve logo um prendimento
E a partir desse momento descobri o que é o amor

Daí pra frente o ritual se repetia
A mesma hora todo dia
A passear continuou
Lembro o momento que chequei a ti e disse:
“Se tu me deres um beijo em volta eu te dou uma flor”

Este romance me pegou despreparado
Eu fiquei apaixonado e você também ficou
Foi como a morte o dia da minha viagem
Você me dizendo: “fique!” e chorando me abraçou.

E este foi o pior dia da minha vida
Pois enquanto eu me viajava o sofrimento não cessou.
Mas felizmente hoje estou aqui de volta
Sou o mesmo apaixonado e agora sou “doutor”.

(Ribamar Lopes. Natal, 1993)

AMOR DE INFÂNCIA

Foi uma modinha que eu compus em fase romântica pela qual passei.

AMOR DE INFÂCIA

Ainda me lembro da data daquele dia,
Em que eu estava na calçada e por mim você passou.
Por ti meus olhos teve logo um prendimento
E a partir desse momento descobri o que é o amor

Daí pra frente o ritual se repetia
A mesma hora todo dia
A passear continuou
Lembro o momento que chequei a ti e disse:
“Se tu me deres um beijo em volta eu te dou uma flor”

Este romance me pegou despreparado
Eu fiquei apaixonado e você também ficou
Foi como a morte o dia da minha viagem
Você me dizendo: “fique!” e chorando me abraçou.

E este foi o pior dia da minha vida
Pois enquanto eu me viajava o sofrimento não cessou.
Mas felizmente hoje estou aqui de volta
Sou o mesmo apaixonado e agora sou “doutor”.

(Ribamar Lopes. Natal, 1993)

ESSE MUNDO NÃO É MEU

ESSE MUNDO NÃO É MEU

Ah! esse mundo não é meu
Não admito mais que joguem num mundo
Sem antes me consultar

Não é meu mundo,
um mundo em que todo mundo não pode ser verdadeiro.

Onde os amigos não podem ser tão amigos
Ou amigos por inteiro.

Não é meu lugar,
Um lugar em que os homens se pisam por um lugar.

Onde os homens matam os próprios homens
E seus direitos de sonhar.

(Ribamar Lopes. Natal, 1993)

PLANETA SONHO

Certo dia tive um sonho que muito parecia real. Imediatamente me levantei e escrevi a letra que já saiu pronta...

PLANETA SONHO

Senti o meu corpo transportado,
Até outro mundo viajei
Um mundo que tinha algo de mim
Se estive lá isso eu não sei

Resolvi curtir os seus espaços
Com ele me identifiquei
Lá o peso do corpo não existia
Em imaginação me transformei

Todos os caminhos eu percorria
Era o lugar que eu sempre sonhei
Um ser que dentro de mim vivia
No planeta sonho eu encontrei

Rosto com a beleza das estrelas
Olhos com brilho de mineral
Meu desejo em forma de pessoa
Mulher delírio num corpo real

Experiências nunca vivenciadas
Este mundo me ofereceu
Hoje eu cheguei a conclusão
Que este mundo quem criou fui eu
(Ribamar Lopes. Natal,1993)

SOCORRO

Num momento de solidão escrevi esta letra, chamando por aquela que me tiraria desse estado. O nome mais oportuno para essa eventual pessoa seria chamá-la de Socorro. Interessante, que na minha vida, depois, Socorro realmente veio, mas para dar-me o amor de sua filha, a quem esposei e tanto amo.

SOCORRO

Me responda moço
Onde vive Socorro
E diga a ela para vir me ajudar

Me responda moço
Onde vive Socorro
Diga que sem ela não posso ficar

Favor lhe diga que ela habita os meus sonhos
E desse jeito não posso ficar

Que ela faça valer o seu nome
E não deixe um homem se desesperar

E diga que meu coração tá doendo
Devagar tá batendo e ameaça parar

Pois faça Socorro valer o seu nome
E ajude um homem a se recuperar

(Ribamar Lopes. Campina Grande 1994)

ESPELHO AZUL

Essa letra que escrevi no ano de 1993, quando fazia involuntariamente caminhada para dar aulas particulares, encontra muita similitude com os efeitos buscados com a meditação caminhando.

ESPELHO AZUL

Sempre caminhando eu começo a pensar
Pois o azul imenso é que me faz inspirar
Coisas de mim mesmo ele faz refletir
Meus defeitos e virtudes começo a descobrir...

No azul, me levo a pensar...

Como num telão eu começo a assistir
Coisas da minha vida que vem a ressurgir
De um foco bem melhor posso avaliar
As minhas ações como posso aceitar

Olhando o azul, vou me avaliar

Algumas verdades chego a descobrir
E de bem comigo mesmo começo a me sentir
Como um aliado eu começo a me achar
A mente e o corpo passam a se confiar

Mirando o azul...posso me encontrar

Olhando o céu eu subo e desço
Vou até o sol e no céu desapareço
(Ribamar Lopes. Natal, 16.10.1993)

PÉ NA ESTRADA

PÉ NA ESTRADA

Veio uma idéia de meter o pé na estrada
Para o mundo de outra gente conhecer
Aí então eu saí em disparada
Buscando um mundo onde não haja sofrer

Fui com a calça e um blusão que eu vestia
Meu violão eu não podia esquecer
E um livro bom como os que eu sempre lia
Entitulado “A vida é feita pra viver”

Conheci terras de gente desamparada
Conheci outras onde não tinham o que comer
Continuei então assim com o pé na estrada
Pois não foi isso que eu vi atrás de ver

Imaginei eu então sair da vida
Pois nessa vida não se vive sem sofrer
A dor eu via em todos os cantos que eu ia
Por todo o mundo eu vi gente perecer

Mas eu passei a ver de outro modo a vida
Por estar vivo eu passei a agradecer
Eu sou feliz por ter metido saído pela estrada
E os problemas do meu mundo conhecer

Pois essa dor também me engrandecia
O que eu aprendi nunca mais vou esquecer
Vi gente mesmo quando o coração doía
Dizer que é alegre apenas por viver
(Ribamar Lopes. Campina Grande 1994-98)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Tao Te Ching e Eu

Há uma letra de música que escrevi entre 1994 a 1998, não sei precisamente quando, mas reputo no mesmo espírito do Poema 20 do Tao Te Ching – O livro do sentido da vida, de Lao-Tsé; livro este que muito me identifico na atualidade, e que reputo como uma das mais importantes leituras que eu já fiz.

POEMA 20

“Renunciai à vossa pretensa cultura, e todos os problemas se resolvem.
Oh! Quão pequena parece a diferença entre o sim e o não!
Quão exíguo o critério entre o bem e o mal!
Como é tolo não respeitar o que merece ser respeitado de todos!
Ó solidão que me envolve todo!
Todo mundo vive em prazeres como se a vida fosse uma festa sem fim,
Como se todos sorrissem em perene primavera!
Somente eu estou só...
Somente eu não sei o que farei...
Sou como uma criança que desconhece o sorriso.
Sou como um foragido, sem pátria sem lar...
Todos vivem em abundância, somente eu não tenho nada...
Sou um ingênuo, um tolo...
É mesmo para desesperar...
Alegres e sorridentes andam os outros!
Deprimido e acabrunhado ando eu...
Circunspectos são eles, cheios de iniciativa!
Em mim, tudo jaz morto.
Inquieto, como as ondas do mar,
Assim ando eu pelo mundo...
A vida me lança de cá para lá, como se eu fosse uma folha seca...
A vida dos outros tem um sentido, eu não tenho uma razão de ser...
Somente a minha vida perece vazia e inútil;
Somente eu sou diferente de todos os outros –(...)
E no entanto – sossega meu coração!
Tu vive no sei da mãe do Universo.

(Tse, Lao. Tao Te Ching – O LIVRO QUE REVELA DEUS; Tradução Humberto Rohden, Martin Claret, São Paulo, 2006 pg. 63/64,)

PESSOA ESTRANHA

As vezes vejo dentro de mim uma pessoa estranha, que vive isolado e ninguém acompanha os seus pensamentos pra compartilhar.

É como se essa pessoa fosse diferente, estivesse com algo sempre descontente, sempre algo faltando pra se completar.

Parece até que é prazer viver de lamento, ficando parado olhando pro tempo, pensando o que foi que veio a faltar.

È como o trabalhador que trabalhar intenta, mas não tem em mãos toda ferramenta que é necessária para trabalhar.

Eu paro sempre que eu posso para olhar as vida, vejo bem melhor e bem mais sofrida, sou um mediano ora a reclamar.

Só que esses bem melhores e mais sofridos, cada um ao seu modo tem os seus amigos, que podem com eles se relacionar.

O que será que tem comigo que eu tanto penso? Pra que sou sensato se esse meu bom senso, impede de o mundo eu aproveitar?

Mas se só pode ser feliz na mediocridade, prefiro ficar com a minha verdade, pois na mediocridade não vou me alegrar.

José Ribamar Lopes (Campina Grande 1994/1998)

quinta-feira, 27 de março de 2008

A dengue e o povo

O Brasil se vê novamente as voltas com a dengue. Os telejornais apontam as mortes de crianças, quase que na sua maioria pobres. Mortes que doem-nos ao vê-las. Sonhos destruídos, esperanças estancadas, e nós do outro lado da tela, ao menos por enquanto, assombrando-nos com o espectro da doença que cresce e se aproxima. Somos pais, mães, irmãos e irmãs e sabemos o significado da perda de um ente.

Para o governo, de quem é a culpa? Da população que não contribui. Aquela população favelada, desinformada e suja, que tanto incomoda, e ainda por cima não se cuida... e o pior, se deixa morrer, só pra “queimar o filme” dos administradores. Deviam era botar camisas de manga comprida e calça, como fez César Maia, prefeito do Rio de Janeiro. Cadê que ele morre de dengue?

Neste momento, lembro-me do profeta gentileza, que preocupava-se com os outros, pregando a cordialidade, por meio de escritas debaixo dos viadutos do Rio de Janeiro. Me lembro de Buda, Jesus Cristo e São Francisco de Assis históricos, de Thich Nhat Ham – o Thay - que praticavam e neste último caso, pratica a compaixão engajada.

Lembro-me infelizmente, de Jean Jacques Rosseau, que teria dito a seguinte frase:

“A verdade não leva a fortuna, e o povo não dá embaixadas, nem cátedras nem pensões”

Oxalá a voz daqueles um dia soem mais forte, e amoleçam os corações dos que seguem a esse último, lembram-se daqueles serem humanos, mesmo sem ser em época de eleição.

Jesus era cristão?

Hoje vivo seria Jesus Cristo um cristão? Jesus Cristo, o homem histórico, foi exemplo de humildade e compaixão, abraçando pobres, prostitutas e criminosos. Dizendo-se filho de Deus, aceitou mesmo assim o seu calvário, advertindo inclusive a Pedro para não relutar à sua prisão que estava iminente. Jesus pregava a paz.

O que vemos hoje? Protestantes....Católicos....quem é o certo. “Aceitar Jesus” como pretendem os primeiros, como possuindo a exclusividade da “porta do céu”, ou defender Maria, como fazem os derradeiros, clamando por esta a ponto de ser mais clamada do que aquele que deu origem ao cristianismo.

No fim de tudo, e Jesus onde fica? Estão preocupados a seguir suas palavras, ou contrariá-las a despeito de lutar pelo titulo do dono da verdade?

Lembram-se dos fariseus? Aliás, lembram-se porque Jesus foi crucificado, e quem estava por trás da sua morte? Os religiosos e “donos” da verdade da época.

Se fosse hoje...quem o crucificaria ... os protestantes ou os católicos?

AIKIDO PRA QUE?

O aikido embora seja uma arte marcial autêntica – posto que utiliza técnicas de defesa e imobilizações – não objetiva, ao menos primordialmente, preparar o seu praticantes para contendas corporais; ao contrário, destina-se a inibir a contenda mental individual, solucionando os conflitos internos, por meio do relaxamento, subsidiado pelos movimentos marciais metafóricos, que transformam a agressão em solução pacífica e harmonizadora, coadjuvado pela respiração correta.

Portanto, não trata-se de uma prática infantil, mas de uma atividade responsável que visa melhorar-se para si e para os outros, para ser um agente pacificador na sociedade.

Aponte-se, entretanto, ser uma prática prazerosa, indicada a todas as idades, que via transversa, propiciam condicionamento físico, conhecimento de técnicas de auto defesa e lazer.

Por sua capacidade harmonizadora, tem sido denominado de o “zen em movimento”

O DIFERENCIAL DO BUDA

Śākyamuni (Siddhārtha Gautama) o Buddha histórico

Sakyamuni o Buda, não é um deus, mas - o que é mais interessante - foi um ser humano que conheceu profundamente o sofrimento, superando-o para atingir, em fim, a iluminação. Não estabeleceu dogmas, nem julgou-se o detentor da verdade, mas ofereceu o caminho com base na sua experiência pessoal, para vencer o sofrimento. Exortava a análise crítica, inclusive dos seus próprios ensinamentos, de modo que a verdade fosse atingida não por fé, mas pela experiência pessoal. Para ele, a felicidade ou o "reino de deus" deve ser vivida no “aqui e agora”, observando-se as Quatro nobre verdades por ele ensinadas (a existência do sofrimento; as causas do sofrimento; a eliminação das causas; e a prática da eliminação através da observância do Caminho Óctuplo). O Caminho Óctuplo ensina a utilização da visão correta, pensamento correto, fala correta, ação correta, meio de vida correto, esforço correto, atenção correta e meditação correta.

Ser Buda, não é exclusividade de Sakiamuni, mas de todo aquele que venha atingir a iluminação.Assim, ainda que não se tenha atingido a iluminação, mas quando se observa fielmente o caminho óctuplo, pode se estar Buda, ainda que temporariamente.

O CISCO NO OLHO

Será que o papel da religião não deveria ser revisto pelos seus seguidores?

Há, ao menos em sua maioria, uma contradição da sua prática em face do sua finalidade primeira, que é a busca da paz, a união, a humildade, a compaixão, etc. Distam-se uma das outras, como se buscassem objetivos antagônicos, ou pleiteassem eleição ou venda de produto.

Em detrimento da busca da verdade maior, julgam, excluem e fazem vista grossa quanto aos seus próprios defeitos, ainda que evidentes, prendendo-se a regras próprias, a despeito das lições essenciais deixadas pelos seus mestres.

Ao invés de cuidar de amar ao próximo como a si mesmo, cuidam em aportar o cisco no olho do outro, esquecendo a tábua que há no seu.